Hoje, dia 23 de Setembro é o Dia da Visibilidade e do Orgulho Bissexual!
Além de sofrermos com os já conhecidos ataques e violências homofóbicas/lesbofóbicas/transfóbicas, nós bissexuais sofremos tipos de violências e discriminações específicas baseadas na bifobia.
Só para você ter ideia do que vivenciamos:
1) APAGAMENTO DA NOSSA EXISTÊNCIA:
Até hoje, muitas pessoas acreditam que as identidades relacionadas às orientações sexuais se resumem em "hetero" OU "gay". Desta forma, várias orientações sexuais não monossexuais (incluindo a bissexual) ficam invisibilizadas (não somente fora, mas também dentro do Movimento LGBT). E ser invisível para a sociedade traz consequências catastróficas, como a diminuição da própria autoestima, a não preocupação por parte governamental de nossas demandas específicas em saúde, legislação, etc.
2) DESLEGITIMAÇÃO DE NOSSA SEXUALIDADE:
Pessoas que possuem privilégios monossexuais (ou seja, que se sentem atraídas por somente um gênero e, por isso, não questionam as normas monossexistas da sociedade) sentem-se no direito de questionar ou "pedir provas" da nossa sexualidade, ou ainda afirmar que ela não existe. Por isso, estamos sempre ouvindo que nossa sexualidade “é só uma fase”, ou que “bissexuais não existem”, ou ainda nos vemos obrigados a ter que provar que “ainda” somos bissexuais a cada início/fim de relacionamento, dentre outras formas de deslegitimação da nossa sexualidade. Isso reforça o apagamento da nossa existência (trazendo suas consequências negativas).
3) ESTIGMATIZAÇÕES COM PRECONCEITOS DESCABIDOS:
(A) Existe o estigma da incapacidade da pessoa bissexual ter um relacionamento estável, traduzido naquela frase: "vai que elx me troca por outrx...". Como se heteros ou homos não pudessem também "trocar vc por outrx"!!! Não jogue a SUA INSEGURANÇA e o SEU PRECONCEITO na conta da capacidade de uma pessoa bissexual ter ou não um relacionamento estável, ok? Somos tão capazes de fazê-lo quanto qualquer pessoa, se for o que desejamos para nossas vidas!
(B) Existe o estigma da hipersexualização da pessoa bissexual, como se fôssemos máquinas de fazer sexo com tudo e todos, apagando o restante das nossas características e sentimentos, nos desumanizando, afinal. Nem toda pessoa bissexual quer "experimentar todas as possibilidades" (nem fazer sexo a três ou grupal envolvendo mais de um gênero). Assim como nem todas as pessoas que se atraem apenas por um gênero querem "ficar" com todas as pessoas daquele gênero, nós não necessariamente queremos vivenciar todas as possibilidades sexuais disponíveis. Quando se trata de uma pessoa bissexual negra, aí a hipersexualização é ainda maior, devido à soma bifobia + racismo...
(C) Existe um estigma muito nojento, de tão preconceituoso que ele é, de que bissexuais são os grandes disseminadores de HIV e AIDS. Essa crença existe por conta da hipersexualização das pessoas bissexuais, pelo preconceito de que todas as pessoas bissexuais fazem sexo desprotegido (ou desconhecem formas de prevenção ao HIV/AIDS) e pelo "esquecimento" das vias de contaminação pelo HIV, que não sexuais (compartilhamento de material perfurocortante com sangue contaminado, transfusão sanguínea com sangue não devidamente testado, etc.).
4) FETICHIZAÇÃO DA MULHER BISSEXUAL:
Na nossa cultura machista, uma mulher bissexual é vista apenas como objeto de satisfação do desejo sexual masculino. Muitos homens coagem suas parceiras bissexuais a participar de "sexo a três" com outra mulher, ignorando se este é um desejo dela também. Não é a toa que a taxa de estupro entre mulheres bissexuais nos EUA (por exemplo) seja praticamente o dobro das mulheres heterossexuais: http://goo.gl/gvyYWY
5) DANOS PSICOLÓGICOS CAUSADOS PELA BIFOBIA:
Um novo estudo publicado em 14/01/2015 na revista científica “Journal of Public Health” sugere que as mulheres bissexuais sofrem mais problemas de saúde mental do que as lésbicas. A pesquisa sugere que, em relação às mulheres lésbicas, as bissexuais têm 64% mais chance de enfrentar distúrbio alimentar, probabilidade 37% maior de sofrer com automutilação e estão 26% mais propensas a sofrer com quadros de depressão. Isso é um indício do quanto a bifobia pode gerar estragos psicológicos na vidas das pessoas bissexuais. http://goo.gl/m0m8LY
6) DESLEGITIMAÇÃO DE NOSSAS VIVÊNCIAS E DO NOSSO MOVIMENTO SOCIAL:
Muitas pessoas monossexuais se acham no direito de definir o que é a bissexualidade, passando por cima das nossas vivências e do nosso movimento social. Quem, melhor que os bissexuais, para definir o que sente uma pessoa bissexual? Contudo monossexuais continuam insistindo em querer determinar que "só é bissexual a pessoa que se sente atraída igualmente por homens e mulheres". Além de desrespeitar nossas vivências, estas pessoas reforçam a ideia de que bissexualidade está ligada a uma visão binária de gênero (homem/mulher). O próprio movimento bissexual já definiu que bissexualidade é a atração por mais de um gênero, não importando se estes gêneros são binários ou não. Tem monossexual que se sente no direito de passar por cima da definição do Movimento Bissexual e definir a bissexualidade em nosso nome, dizendo que o prefixo "bi' significa "dois" e, portanto, temos uma visão binarista de gênero. São pessoas que tentam fazer sua bifobia valer usando um escudo linguístico, como se a língua fosse uma ciência exata e "cavalos marinhos" tivessem pêlos, quatro patas com cascos, comessem grama/capim/similares, fossem mamíferos e vivessem no mar (oceano já não vale!)... Nem tudo na língua é tão "ao pé da letra" assim! Não use sua bifobia de forma tão irracional!
Enfim, estas são algumas de nossas demandas específicas. Estamos na luta por um mundo mais diverso, com mais respeito e menos opressões!
EXISTIMOS E RESISTIMOS!!!!
“Esta postagem faz parte da blogagem coletiva bissexual do Bi-sides para comemorar o 23 de setembro, dia internacional da visibilidade bissexual – http://www.bisides.com/2015/09/08/blogagem-coletiva-bissexual-23-de-setembro-de-2015 "
Nenhum comentário:
Postar um comentário