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quinta-feira, 9 de abril de 2015

Almoço de aniversário

Nesse processo de reconstrução das minhas relações familiares, tenho visitado com mais frequência a casa dos meus pais. Tenho buscado construir no presente bons momentos, boas memórias para um futuro, tudo com a intenção que isso se torne um bom remédio contra as mágoas que carrego.

Numa dessas visitas, eu estava na casa dos meus pais a uma semana do meu aniversário. Como eu não sou uma pessoa muito ligada à comemoração desta data, nem me lembrava de sua proximidade e, por isso, não entendi porque minha mãe havia acabado de me perguntar o que eu faria no final de semana seguinte. Ela me propôs fazer um almoço especial, em família. Aceitei a ideia.

Contudo, durante a semana, me empolguei com a ideia e resolvi comemorar meu aniversário contando com a presença de alguns amigos mais próximos, além da minha família. Fiz isso com uma intenção em mente: reaproximar a minha família do meu mundo.

Foi bacana ver minha família recebendo alguns dos meus amigos heteros e gays. Foi bom pra meu pai e minha mãe conhecerem "o povo que eu convivo". Foi ótimo pra mim ter um espaço e um momento pra reencontrar o prazer de estar entre pessoas que eu gosto...

O saldo de um evento em família foi positivo, afinal!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Minha cidade se enche de luz ao recebê-lo!!!

No fim do ano passado, ele veio. Trouxe alegria e muita luz! Fiquei na expectativa, pilhadão antes do encontro. Quando rolou foi tudo lindo. Tudo tão lindo que deu vontade de mais. Aí fui atrás dele de novo... Não falei antes porque dei a liberdade pra que ele mesmo contasse primeiro. Mas como ele anda escrevendo pouco ultimamente e já se passou bastante tempo, resolvi publicar isso aqui agora!

Foi assim que aconteceu: mais ou menos no início de dezembro, recebo uma mensagem do Gato Van de Kamp: "Cara Comum, eu vou pra BH! Chego sexta. Prepare-se, por que vou lhe usar... rsrsrsrs". Fiquei radiante! Era minha oportunidade de retribuir aquele momento mágico que ele me proporcionou (que vc pode ler aqui e aqui). Contudo, eu sou péssimo anfitrião: nunca sei o que fazer para receber uma visita vinda de terras "estrangeiras". A sorte é que o Calopsita já tinha feito um roteiro prévio e me restou apenas me encaixar na programação.

Fomos o Gato, Calopsita, Maridão e eu à Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte, onde passamos uma manhã muito agradável. Almoçamos juntos e daí nos separamos pois a maratona o roteiro de Calopsita era extenso e o tempo de permanência deles era curto...

Dois dias depois, o Gato e o Calopsita já estavam indo embora de minha cidade e eu decidi aproveitar mais uns minutinhos da presença deles em terras belo-horizontinas: chamei Maridão e fomos até o terminal rodoviário para encontrar com nossos ilustres visitantes e nos despedirmos. Tivemos mais uma meia hora de muita falação, pessoas ao redor olhando pra nós 4 como se fossemos E.T.s e uma troca de energia fantástica.

Depois que eles embarcaram no ônibus que os tiraria de Minas Gerais, eu e Maridão voltamos pra casa e tivemos o seguinte diálogo:

Maridão: É muito legal ver você e o Gato Van de Kamp juntos. Vocês tem uma química legal que não fica só no virtual. Dá pra perceber o quanto essa amizade te faz bem. Ele bem que poderia morar aqui em BH, né?

Cara Comum: Não dá: essa cidade não aguentaria nós dois aqui! Ia faltar espaço e palco e a gente iria transformar esse lugar num quartel gay, no estilo daquele episódio do "Vai que cola?"... rsrsrs

Belo Horizonte, pra mim, é uma cidade chata, sem sal, provinciana e com problemas de cidades grandes (principalmente relacionados ao trânsito). Mas com o Gato Van de Kamp aqui, minha cidade se encheu de luz, de gosto e de cor. Só me resta agradecer a esse caro amigo
por esses breves mas intensos momentos!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ao meu primeiro amigo gay

Até o final da minha adolescência, eu não tinha amigos gays. Eu dizia para mim mesmo que não queria ficar preso num gueto, me relacionando apenas com meus amigos homossexuais. Queria ter amigos heterossexuais porque gostava dos amigos que eu tinha até então. Eu achava que ter um amigo gay faria que meus amigos heterossexuais se afastassem de mim.

Hoje vejo que isso era puro preconceito meu. Não havia uma escolha a ser feita (ter amigos heteros ou ter amigos gays) e, se houvesse, os heteros não eram necessariamente a melhor escolha. Viver apenas no gueto é ruim sim, mas ter amigos gays não me leva automaticamente a essa situação. O que me leva a isso é o preconceito que existe nas pessoas.

O fato mais importante nessa história é que, nessa época, eu tive a oportunidade de conviver mais com gays, bissexuais e lésbicas e ser amigo deles, mas não o fiz. Eu me lembro disso porque reencontrei por agora um colega de escola da época do ensino médio (que eu desconfiava ser gay) e me lamento por não ter sido mais próximo dele à época.

E eu posso dizer isso hoje porque me lembro com carinho do meu primeiro amigo gay. Ele só chegou quando eu tinha 23 anos. Contudo, eu digo que ele me ensinou a falar (gírias gays) e a entender melhor a mim e aos outros. Com ele aprendi que é bom ter amigos diferentes da gente (que, por isso, nos exercitam enquanto seres humanos), mas que também é bom ter aqueles mais parecidos com a gente e que vão nos compreender como ninguém mais fará. Ele me ensinou a me aceitar ainda mais e que não havia nada de errado em cada um ser do jeito que é.

Se me arrependo de ter demorado tanto a fazer amizade com alguém que não fosse heterossexual, também posso dizer que tenho todo o orgulho e admiração do meu primeiro amigo gay na mesma medida. O Drag Madrinha definitivamente mudou minha vida!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

"Meninos" do Rio

Existem várias maneiras de contar uma história. Pra contar minha ida ao Rio de Janeiro eu poderia simplesmente descrever os fatos que aconteceram, poderia colocar fotos que comprovem que eu e Maridão fomos de carona sim (apesar da incredulidade de alguns), poderia pedir depoimentos dos amigos blogayroz que lá encontrei para compor um quadro geral... Mas prefiro falar do que eu senti e do que isso representou em minha vida.

Gostei muito mesmo de conhecer pessoalmente todos aqueles que eu encontrei no Rio. Todos, sem exceção. Gostei de perceber que o carinho era recíproco e que vocês são bem próximos de como eu imaginava que vcs fossem. Esse encontro com pessoas que eu gosto foi como recarregar as energias que eu tanto precisava.

Fiz uma maratona pra aproveitar ao máximo o pouco tempo que eu tinha. Tive que lidar com mudanças no cronograma que eu pensei originalmente, tive que ir num ritmo pesado (principalmente para o Maridão, que detesta correria)... Eu estava com pouco dinheiro e me virei como eu podia, tive que ir no meio da semana porque, caso contrário, só poderia ir nas minhas férias do ano que vem, tive que adiar um compromisso importante pra ter nessas férias um tempo pra chamar de meu...

Mas tenho certeza de que valeu a pena todo esse esforço por cada segundo em que estive do solo fluminense. Serviu como um grande presente que eu me dei (e que eu tanto merecia). Vocês foram meus grandes presentes desse ano, meus queridos! 

Ficou um gosto de "quero mais". Para aproveitar mais tempo ao lado de quem eu encontrei, para encontrar quem eu queria ver, mas não teve jeito... Enfim!

Escrevendo tudo isso, me lembro que nem sempre foi tranquilo eu sair de casa assim do jeito que eu fiz. Já houve um tempo em que eu mal saía de casa, nem pra ir na esquina. Eu já comentei aqui, de forma vaga, que eu andava meio bicho do mato. Culpa de uma depressão grave e de uma "fobia social".

Assim posso dizer que essa viagem, para mim, teve gosto de amizade, de auto-amor, de superação de uma fase ruim e de agradecimento. Agradecimento a cada um que fez meu sacrifício valer a pena, agradecimento ao Foxx (que foi quem me ajudou a dar os primeiros passos no movimento de "leãozinho sai da toca") e agradecimento à vida que ainda insiste em me trazer bons momentos.

Hoje eu só tenho a desejar que uma paz maior que a que eu estou sentindo invada o coração de todos vocês! Obrigado por me ler, obrigado por serem a minha companhia mais presente e obrigado por trazer mais cor a minha vida.
Vista digna das novelas de Manoel Carlos. Esse sou eu realizando o sonho de ter um amigo que mora na região nobre da cidade! ^^

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Uma florrrr do interiorrr (que não puxa "r' nenhum)

Nessa semana de correria, eu tive o meu oásis. Tirei um momento pra me deliciar com a doce sensação de estar na presença de pessoas que eu gosto.

Nessa vibe, eu conheci pessoalmente a Margot do blog Ponta de Punhal e.. gente, quanta paz!!! Ela é linda sim (apesar dela não se convencer disso), uma simpatia enorme e transpassa tanta tranquilidade que eu cheguei lá no 220v e saí quase um monge tibetano (mentira, que eu não chego a tanto, mas foi o máximo que eu consigo chegar perto disso).

Ela tem uma fala tão sóbria e uma sensibilidade tão aguçada que eu percebi que ela não engana em nada. A primeira dama de Blogsville é exatamente o que se vê no blog dela: um doce de pessoa!
Um mito, uma diva!
Margot foi super gentil comigo, providenciou uns presentes que eu amei ( enquanto eu esqueci em casa os que eu e o Maridão preparamos para ela. Que gafe! Mas vou dar um jeito de entregar ainda essa semana), me deu corda pra falar muuuuuuuuuuuuuuuito (liberei a tia velha lavadeira que habita em mim), mas ficou me devendo o famoso "beijo na nuca"... rs. Ah, e me enviou um abraço todo especial de um cara que comenta por aqui de quem eu gosto muito (sinta-se abraçado também!).

Eu que andava tão bicho do mato há um ano atrás, agora estou super contente de ter me aventurado e conhecido pessoas tão legais através desse blog.

Status: feliz!

EDIT: Parece que hoje é aniversário dessa danadinha que não me conta nada... PARABÉNS, SUA LINDA!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Dos que se vão

Uma vez recebi por e-mail um texto atribuído ao Miguel Falabela que falava a respeito da saudade. Era um tempo em que tudo conspirou para eu ser tocado por aquela mensagem: eu ainda lia esses e-mails encaminhados e estava morando em outra cidade por conta dos estudos. Assim, foi fácil me identificar com trechos do texto que dizia algo como: " Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia. Não saber se ela ainda usa aquela saia. Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada".

Achei o texto muito verdadeiro, tocante e extremamente explicativo para o que acontece nas amizades ditas "virtuais". Porque a coisa é por aí mesmo: a pessoa desaparece e, por um tempo, a gente aceita o sumiço como algo que pode acontecer normalmente (a pessoa está sem acesso à internet, está numa semana mais complicada no trabalho, está de férias...). A saudade já surge aí, nesse tal de "não saber".

Depois de um tempo, junto da saudade vem também a preocupação, a vontade de querer saber se está tudo bem, e o desejo de que tudo esteja bem sim. Como não querer bem a quem veio e gratuitamente nos ofereceu um carinho inesperado?

Às vezes essas pessoas nem se afastaram. Ainda estão nos acompanhando de perto (lendo os nossos blogs, os nossos e-mails, nos acompanhando nas redes sociais), mas como não se manifestam, a gente não é capaz de notar sua presença. E, quando um amigo virtual deixa de fazer contato, seja por qualquer motivo e mesmo que ainda esteja presente embora oculto, a gente tem que aprender a lidar com essa tal de saudade. Essa danadinha, que é uma amiga que nos deixa um gosto dolorido na boca, mas também um perfume de que o passado valeu a pena ser vivido como foi.

Desde pequeno eu tive que aprender a lidar com a saudade. A maioria dos meus primeiros amigos eram vizinhos que viviam em casas alugadas. E como morar numa casa alugada é, geralmente, uma situação passageira, volta e meia eu me via sem amigos, tendo que recomeçar.

O lado bom é que desde cedo eu aprendi que é importante começar uma nova história. Isso dá cor novamente à nossa vida. Mas nem sempre isso significa esquecer as histórias já vividas. Às vezes são essas boas lembranças que nos ensinam a sermos os bons amigos que muitos nos consideram hoje.

E por falar nisso, creio que até no campo da saudade podemos dizer que toda experiência pode resultar numa aprendizagem positiva para nós. Todas essas separações numa idade tão tenra me fizeram mais facilmente compreender que as pessoas que estão na nossa vida não nos pertencem. Não somos seus donos capazes de aprisiona-las. Em nossas vidas, sua presença é efêmera, assim como todo o resto também o é. O que nos cabe é aproveitar o presente para desfrutar da convivência, para que a saudade tenha cores de gratidão pela oportunidade de ter convivido com alguém que foi capaz de despertar em nós um pouco de ternura.



P.S.: Dedico este texto aos queridos Papai Urso do Interior, Alícia, Mr. Gayrrisson, Garoto do Interior (o "Leitor" ou "Nick"), ao Lobo (que, apesar de não ter desaparecido completamente, vai deixar saudades pela ausência em seu blog), o Tiago e a todos aqueles que me deixam um "não saber" fruto de quem soube cativar. Um beijo para todos (e todas), presentes ou ausentes.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Sem florear

Não sei se deu pra perceber, mas não sou uma pessoa que gosta de florear as coisas não. Apesar de não ser tão sintético quanto eu gostaria de ser, ultimamente tenho uma preferência por escrever num estilo mais objetivo, fugindo ao máximo das possibilidades de ser mal interpretado.

Mas não é por isso que chego a afirmar que não gosto de textos mais subjetivos. Só não quero me arriscar a fazer nada assim por agora. Estou escolhendo deixar recados mais diretos. Como este: adoro vocês, meus amigos! E obrigado pelo carinho nos momentos em que eu preciso...

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Eu se divirto muito

Eu tenho uma amiga, que aqui chamarei de "Amiga Tubo de Ensaio", que é uma pessoa fenomenal. Ou um fenômeno pessoal, não tenho certeza do que a definiria melhor.

Imagine uma mulher de 1,80m, levemente gordinha, que conversa falando bem alto e gesticulando, que não tem papas na língua, esquentadinha, piadista e levemente debochada, que gosta de cantar (apesar de não ter a voz mais maravilhosa da face da Terra...), toda trabalhada na falta de humildade quando o assunto é elogiar a si mesma e que vem de uma família de origem bem simples mesmo (um pessoal pobre que mudou pra cidade faz menos de 18 anos e que não conhecia nem luz elétrica...). Ela parou de estudar no Ensino Médio, mas é orgulho da mãe que não concluiu nem o fundamental.

Fazia muito tempo que não nos encontrávamos. E, dias atrás, eu fui a sua casa e colocamos muito papo em dia (só não posso dizer que o assunto ficou todo em dia porque sempre que a gente "acaba" de conversar, não importa se ficamos conversando durante uma semana inteira, ainda temos assunto pra mais dois encontros...).

Nesse encontro em especial, lembramos da época em que trabalhamos juntos num laboratório de microbiologia. E a Amiga Tubo de Ensaio mesma foi quem me lembrou de gafes dela que eu já havia esquecido.

Como ela é uma moça de origem simples, certas palavras que não são tão corriqueiras no cotidiano dela são quase sempre fonte de confusões (da parte dela) e risadas (de quem presenciar tais pérolas). Uma outra colega nossa, que chamarei de "Amiga Tubo de Duran", normalmente era quem conseguia traduzir o que ela queria dizer.




Caso 1

Amiga Tubo de Ensaio: Pois eu prefiro aquele outro barzinho que eu te mostrei as fotos outro dia. Acho tão linda aquela decoração acústica...

Amiga Tubo de Duran: Você não quis dizer "decoração rústica"?

Amiga Tudo de Ensaio: Ah! É isso aí mesmo que você falou...



Caso 2

Amiga tubo de Ensaio: Cara Comum, você já preparou esse meio de cultura aqui alguma vez?

Cara Comum: Desse ainda não porque ele é para fazer aqueles testes novos que acrescentamos na rotina faz pouco tempo. Mas a Amiga Tubo de Duran já preparou desse que eu sei...

Amiga Tubo de Ensaio: Obrigada! Amiga Tubo de Duran, eu tenho que aquecer esse meio de cultura até ele ficar fosforescente, não é?

Amiga Tubo de Duran: Hahahahahaha!!! Que isso, menina!! Se isso acontecer você sai correndo!! O aquecimento do meio de cultura termina quando ele ficar translúcido! Translúcido!!

Amiga Tubo de Ensaio: Foi o que eu quis dizer...

Cara Comum: Hahahaha. Ai, Amiga Tubo de Ensaio! Ainda bem que você não está treinando nenhum estagiário hoje...



Caso 3 (o melhor!!!)

Amiga Tubo de Ensaio (dando piti): Eu não vou ficar de hora-extra hoje não!! Eu marquei de ir fazer minha unha e nada vai me impedir!!

Cara Comum: Calma aí, amiga! Eu só estou dando o recado que a Chefa mandou...

Amiga Tubo de Duran: Eu também não posso ficar de hora-extra hoje não!

Estagiário Malandrinho (grita da sala de pesagem): Sobrou até pra mim hoje...

Amiga Tubo de Ensaio: Pois eu vou lá na sala dela agora reclamar! Isso é um absurdo!! A gente tem que ter direito a escolher se vai fazer hora-extra ou não!! E o nosso Livre arbútrio?

Cara Comum e Amiga Tubo de Duran: (se segurando pra não rir porque estão bem de frente pra Amiga Tubo de Ensaio)

Estagiário Malandrinho (grita mais alto ainda lá da sala de pesagem): Livre o que??

Cara Comum e Amiga Tubo de Duran: (explodem na gargalhada e tem uma crise de riso)




É claro que, quando a Amiga Tubo de Ensaio me lembrou dessas histórias, eu ri como se estivesse acontecendo tudo aquilo de novo naquela hora.

Dias depois, postei uma sequência de fotos minhas numa rede social para as pessoas me reconhecerem após as mudanças drásticas de visual. Eis que a Amiga Tubo de Ensaio comenta em uma das fotos:

"Cara Comum e suas transformações... Não sei pq ,não fiquei surpresa com isso. Lembrei da época em que vc estava a cara do Hosana biladem. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk"

Na mesma hora em que eu li o comentário dela, duas coisas passaram pela minha cabeça. Isso:



E isso:

domingo, 27 de novembro de 2011

Lá se vai...

Hoje eu sinto que a cidade inteira amanheceu com menos brilho, com menos luz. E não foi por causa da chuva, não foi por causa das trevas que dominam minha cidade e meu estado.

Digo isso porque meu irmão partiu. Ele se foi. O pior é que a gente nunca acredita que vai realmente acontecer, até o último instante, quando só resta constatar o fato.

Eu não disse tudo o que gostaria de ter dito a ele. Não fiz tudo o que gostaria de ter feito em sua companhia. Sou meio fechado, como muitos de vocês já sabem. E tenho minhas dificuldades pra expressar o carinho que sinto. Além disso, ando preso numa rotina que suga todo meu tempo. Não pude (ou não soube) estar ali.

Eu gostaria de ter passado mais tempo ao lado dele, feito mais coisas em sua companhia. Só me resta o consolo de que eu fiz o melhor que podia, mesmo esse melhor não sendo exatamente o que eu queria.

Agora, só posso desejar que ele fique bem, onde ele estiver. Vai Foxx, meu amigo. O meu irmão mais velho que ganhei de presente. Vai viver novos tempos na tua terra, Natal! Mesmo distantes, a gente vai se falando por aqui. Obrigado por tudo que pude aprender com você. Pode ter certeza que aprenderei ainda mais! E nunca duvide de que alguém do lado de cá está torcendo pelo sucesso em tua escolha...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

"Estamos ligados para sempre"


Hoje eu sonhei com minha ex-namorada Amiga Lua (a mesma do post sobre a minha vida ser um roteiro de novela mexicana, ou de "Manuel Almodóvar", como disse o Gato Van de Kamp). E não foi sonho bobinho, não! Foi sonho de adulto, se é que me entendem...

Acordei, além de meio molhado, um tanto quanto impressionado com aquilo acontecer assim meio que do nada e, quando pego o despertador, que também é meu celular, havia duas mensagens de texto para eu ler. Já adivinhou de quem eram não é? Sim, as duas mensagens eram da Amiga Lua.

Ela dizia que acordou com saudades de mim e que a mãe dela estava cantando logo no começo da manhã umas músicas que eu costumava a cantar pra ela durante o nosso namoro.

É claro que eu ri alto e o Maridão ficou sem entender porque. Coincidências demais? Só rindo mesmo.

Nessas horas, eu penso que só há uma coisa a fazer: compartilhar. Liguei pra ela e conversamos um bocado. Foi muito gostoso. Eu e ela, mesmo depois do fim do namoro, nos damos super bem e o papo é sempre agradável. Mas esse último papo foi especial. Tinha uma cumplicidade que há muito eu não sentia com ela. Ao ponto de ela me dizer coisas do tipo "Não adianta. Estamos ligados para sempre!" e eu concordar. Até porque não seria possível discordar dela sobre isso. Ao menos, é o que eu sinto...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Um Leão bicho do mato - I


Depois de alguns acontecimentos em minha vida e da conversa com o Foxx que transcrevo abaixo, estou refletindo sobre algumas coisas:

Cara Comum: Fala, Foxx!! Tudo bom??
Foxx: Tudo... Estava falando sobre você com o Alguém Por Aí...
Cara Comum: Sobre mim?? Uai, o que eu fiz de errado dessa vez?? rs
Foxx: Bem, ele me perguntava porque você não sai comigo nunca...
Cara Comum: Ah, hahahaha... E vc respondeu o que??
Foxx: Que você não quer... :)
Cara Comum: Seria mais apropriado responder que eu sou bicho do mato e quase não saio de casa...
Foxx: É a meeeeeeeesma coisa. Na verdade, esse é o motivo porque você não quer.
Cara Comum: Não é só não querer, Foxx, eu não aguento sair... Eu não tenho pique, sabe?? Enquanto as pessoas estão super felizes dançando até alta madrugada, eu já estou com sono e de mau humor por causa disso... Isso se eu não dormir na mesa do lugar...
Foxx: Meu caro, você não tem pique pra dar uma volta na lagoa? Ir no parque ecológico sentar e conversar?
Cara Comum: Pra isso vc nunca me convidou... hehe...
Foxx: Ninguém disse que sair tem que ser pra balada, querido. Eu nunca te convidei pra balada também. Eu te convidei sempre pra me fazer uma visita, pra gente ir ao cinema... Inclusive convidei seu marido e você pra jantarem comigo, pra vc não achar que eu queria te agarrar. kkkkkkkk
Cara Comum: Hahahahaha... Bobo! Sim, é verdade!! E você está certo!!! Eu é que, nos últimos tempos, estava meio anti-social só pensando nos meus afazeres...
Foxx: Pois é. Por isso eu parei de convidar.
Cara Comum: Mas eu vou parar de enrolar com isso de conviver!! Podemos marcar sim um programa agradável, então!
Foxx: Sim, mas onde?
Cara Comum: Boa pergunta!! Não sei... Aliás, vc não está mais morando no bairro vizinho ao meu, né??
Foxx: Não... Estou do outro lado da cidade...
Cara Comum: Ah, então é um pouco de maldade te chamar pra vir nessas bandas daqui... O que tem no meio do caminho de interessante, algum lugar agradável ou divertido??? Você que é melhor com essas coisas de sair de casa, dá uma sugestão aí.. Hehehe.
Foxx: Vamos na lagoa! Fazemos uma caminhada. Programa saudável.
Cara Comum: Lagoa pra caminhar?? Excelente!! Adoro andar... É por essas e outras que te adoro... Mas pra caminhar é melhor que seja mais tarde por causa do sol, né?? Nesses dias o sol deve estar mais agradável a partir das 16:30, é isso??
Foxx: Sim!
Cara comum: Só tem um problema: eu tenho fisioterapia às 18h... Como faz?? Caminhamos no sol ou eu mato a fisioterapia?? Hehehe.
Foxx: Hehehe. Ai é com você...
Cara Comum: Ah, então eu mato fisioterapia um dia só em nome de uma boa companhia... :) Posso publicar essa conversa no meu blog? Pra eu sempre me lembrar que preciso ser menos bicho do mato? Hehehe.
Foxx: Fique a vontade. É só me linkar... Hehehe.
Cara Comum: :) Claro!!! Pode deixar...
Foxx: :)

domingo, 19 de junho de 2011

Declaração de amor póstumo


Já faz um tempo, eu estava conversando com um amigo no msn e rolou dele lembrar coisas de uns 15 anos atrás, mais ou menos. Da época em que a nossa amizade estava começando...

É claro que o assunto fez eu viajar no tempo e lembrar de coisas que já estavam enterradas... Daí, comentei isso com ele:

- Cara! Lembrei de tanta coisa aqui... Aliás, depois quando a gente se encontrar pessoalmente, vê se me lembra que eu tenho que te perguntar uma coisa...

- Ué, pode perguntar agora...

- Ah, eu não queria perguntar isso por msn não... É melhor pessoalmente...

- Que isso, cara!! Somos amigos, pode perguntar...

Respirei fundo e pensei: "Tá, né? Também não precisa fazer ocasião solene pra perguntar uma bobagem dessas...". E disparei:

- Você já deve ter ouvido falar que eu sou gay, né?

(Só pra contextualizar: ele é um dos meus amigos dos quais ainda não havia surgido uma oportunidade para eu tocar no assunto... E, para simplificar, eu prefiro falar que sou gay que falar que eu sou bi. Dá tão mais trabalho explicar a verdade...)

- Sim, eu já ouvi falar. Mas, e daí??

- Pois é. É que, naquela época, vc foi o primeiro cara de quem eu gostei de verdade, sabe... E eu queria saber se eu te incomodei com isso. Se eu passei do limite ou se consegui te tratar só como amigo mesmo... Vc percebeu o que tava rolando comigo??

Tá, eu sei que talvez eu tenha exagerado no momento revelação. Joguei duas bombas na mão dele de uma vez. Mas pelo "e daí?" da resposta dele, me senti confiante pra fazer isso...

Eu também sei que pelo msn a gente não tem tanto feedback numa conversa e que talvez era melhor falar isso pessoalmente. Não tem entonação de voz, olho no olho... Porém, ele mesmo falou que nós somos amigos, assim eu acreditei que havia amizade e maturidade suficiente para que eu pudesse falar uma coisa destas. Além disso, eu jurava que todo mundo já sabia de tudo, inclusive ele, então não haveria maiores problemas...

Mas, mesmo com toda falta de feedback, deu pra perceber que ele ficou meio abalado pela notícia. Afinal, o ritmo de resposta dele diminuiu bastante... Parecia que ele estava pensando muito no que me responder... Assim, veio uma resposta demorada:

- Eu te respeito na sua opção, mas eu jogo em outro time....

Fiquei pensando: "Pronto! Perdi o amigo! Ele entendeu tudo errado, achou que eu estava cantando ele!!"

Deu um trabalhão. Tive que explicar que eu nunca achei que ele não fosse hetero e que, por isso mesmo, eu ficava com muita raiva de mim, por gostar de um amigo e hetero ainda por cima. Tive que explicar que já era uma história mais do que morta e enterrada. Que eu, mais ou menos um ano e meio depois dessa história toda, já tinha superado tudo e me apaixonado por outra pessoa (uma menina que namorei por 3 anos). E que a única dúvida que restava em mim foi se eu havia lhe causado algum incomodo ou transtorno.

Como ele não precisava me responder (pela reação dele, era óbvio que ele nunca nem sonhou com essa possibilidade), ele apenas me perguntou como eu o enxergava hoje. Eu respondi a verdade: como um grande amigo. Que tudo o que sentia antes, ficou no passado. E que meu único objetivo em perguntar sobre aquilo era tirar essa dúvida da minha cabeça.

Como era nítido que a notícia o havia incomodado de alguma forma, eu perguntei se ele estava bem e se havia mudado algo entre nós por eu ter contado essa história pra ele. Ele me falou que estava apenas surpreso e que era muita informação pra ele processar...

Então, respondi que era melhor mudar de assunto e que, se ele quisesse conversar depois sobre aquilo, eu estaria a disposição... Ele me respondeu que não havia necessidade da parte dele e que, se eu disse que o assunto estava morto e enterrado, não havia porque falar mais daquilo.

Mas é claro que não deu pra simplesmente mudar de assunto. Ficou um clima tenso, o assunto não fluia. Então inventei que tinha que sair do msn e que depois a gente se falava. Alívio para ambas as partes, provavelmente.

Fiquei um tempão, uns bons dias, hipotetizando sobre as consequências daquela conversa...

Quase um mês depois, foi aniversário da irmã dele, que é uma das minhas melhores amigas. Ela me convidou pra ir na casa dela e, como eu não podia negar, eu fui. Fiz de tudo pra não esbarrar com esse meu amigo, afinal não sabia se ele já tinha processado tudo aquilo...

Mas como o encontro era inevitável (afinal, também era a casa dele), estávamos lá, frente a frente numa situação que muito provavelmente só eu e ele sabíamos que estava acontecendo. Num primeiro momento, ficou uma coisa meio estranha, mas depois voltou tudo ao normal e conversamos numa boa.

Se eu soubesse que essa história iria gerar tanto desconforto, talvez eu não falasse nada pra ele. Mas e a curiosidade em saber se ele algum dia havia se incomodado com o fato de eu gostar dele e mesmo assim resolveu continuar sendo meu amigo??

Moral da história nº 1: Eu sou assim mesmo: prefiro pagar pra ver que ficar só imaginando: "será?", "como seria?"...

Moral da história nº 2: Eu nem dou tanta bandeira quanto imagino, afinal eu tinha certeza de que ele sempre soube de tudo, mas era um amigão e ponto...

Moral da história nº 3: Todo mundo sobreviveu e agora eu tenho, ao menos, a curiosidade satisfeita e uma boa história pra contar...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Alí


Quando um coração fica pequenininho porque tem um outro coração que está pequenininho, isso é amizade.

Quando se resolve tirar alguns minutos do seu tempo de descanço pra compartrilhar uma boa conversa, isso é amizade.

Quando se tem vontade de se deixar a disposição, isso é amizade.

Quando alguém chega de mansinho e de repente te cativa, isso é amizade.

Quando a falta da presença física não diminui o valor do carinho, isto é amizade.

Quando é primeiro de abril e só se fala a verdade, isso também é amizade.

Quando se encontra uma amiga das boas, é melhor segurar firme e dar muito valor pra isso. Afinal, é uma amizade!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Meu amigo e eu - parte II

No post anterior, eu falava sobre como foi para um dos meus melhores amigos (o Bat-Amigo) saber que eu sou bissexual. Ele era muito homofóbico e percebi que estava sendo muito difícil pra ele lidar com a revelação. Decidi, portanto, me afastar para não piorar as coisas.

Até que chegou um dia em que nos encontramos. Ele, de novo, tentando fazer tudo parecer normal. De repente, no meio da conversa, por força do hábito, ele fala:

- Qual é, sua bich...

Se fosse em outros tempos, ele diria "sua bicha" com todas as letras, sem que isso soasse como ofensa. Mas o silêncio, o corte no meio da frase, foi o que mais me doeu. Penso que não existe demonstração de preconceito maior que deixar de fazer o que se faria normalmente em nome de um "respeito que não é natural". Eu não me contive e falei:

- Agora você vai falar! Fala! Você iria falar "sua bicha". Se você não falar, eu vou me sentir pior...

Ele só pedia desculpas e não falou mais nada...

Daí, eu rasguei o verbo:

- Olha só: você sempre me chamou assim, por que agora não vai me chamar assim mais? É isso que dói... Vindo de você, eu sei que essas palavras nunca foram ofensas. Mas esse seu silêncio aí me fala que algo mudou. Espero que aquele amigo que eu conheço não tenha desaparecido aí dentro...

- Foi mal... - foi só o que ele respondeu.

Ele podia ser homofóbico e ter defeitos mil, mas era meu amigo e eu gostava dele do jeito que ele era. Mas, como o conhecia bem, percebi que aquela era uma forma de pedir ajuda. Decidi colaborar com o jogo dele. Ele fingia que não estava acontecendo nada e eu fingia que não percebia. Isso durou alguns meses... Passamos um bom tempo ser ter contato, por causa do atual emprego dele. Mais uns meses depois, eis que ele me liga. Eu atendo e resolvo provocar:

- Qual é, sua bicha!

- Hummm... Olha quem fala... - ele me responde, brincando e solta uma boa gargalhada.

É claro que eu ri também. Percebi naquele instante que uma mudança havia ocorrido. Ele voltou a me tratar com naturalidade e eu falei que estava muito feliz com isso. Disse que eu tinha uma noção de que foi difícil pra ele e que, por isso, eu não havia resolvido falar antes. Mas que era muito bom não ter o que esconder dele. Ele me disse:

- Olha, foi foda! Eu fiquei um tempão tentando te entender e não conseguia. Só fui ficar melhor quando eu desisti de entender e percebi que eu não tinha que fazer isso...

Desde então a amizade voltou mais forte, mais madura. Continuo seu confidente. E ele agora é meu confidente por inteiro (e não só para meus relacionamentos com mulheres).

Quando ele me ligou pra desejar feliz Natal, foi muito legal perceber que gente como ele faz parte da minha vida ainda. E que mesmo afastados pela correria do dia-a-dia, a amizade permanece intacta. A gente vai contribuindo pra construir uma história legal e tá dando certo. Dá pra entender o porque eu considero a amizade algo maior que o amor?

Por isso, meu desejo de fim de ano pra vocês, queridos leitores, é o mesmo que eu desejo sempre: que cada momento seja a construção de algo melhor, mais sólido e que nos acrescente como pessoas que somos. Que amizades verdadeiras floresçam. Que a vida reserve supresas boas pra cada um, mesmo após as tempestades.

É isso aí! Um grande abraço, do tamanho de 2011!

PS: Esse assunto me lembra o filme "Eu te amo, cara" (divertidíssimo). Confira abaixo e, se interessar, veja o filme.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Meu amigo e eu - parte I


Esta é uma época em que as pessoas mostram sua beleza. A maior das belezas, aquela que é interior. As vezes fico um pouco frustado porque acho que todo este "esforço sentimental" deveria ser uma constante durante o ano: as pessoas deveriam ter o espírito de natal sempre.

É triste pensar que isso passa. Que a gente quer viver em duas semanas do ano o que não viveu no ano inteiro. Dizer que o outro é especial, que o sentimento continua vivo. Estar presente, desejar coisas boas. Isso tudo se evapora na poeira da rotina dos outros dias do ano.

Eu tento ser coerente e não faço esforços extraordinários: o que eu faço no fim de ano é o que eu faria em qualquer data. E é o que faço em qualquer data. Isso pode soar aos outros como uma certa "insensibilidade ao natal", mas me sinto melhor agindo assim.

E, por isso, estava até fazendo um balanço das minhas amizades neste fim de ano, como faço periodicamente. E cheguei a conclusão que tenho poucas amizades. Mas as que tenho valem por um milhão. Isso me torna alguém que passa grande parte do tempo sozinho. Mas, quando acontece de haver um amigo por perto, fico tranquilo de ser um amigo verdadeiro.

Ontem, um grande amigo meu me ligou. O "Bat-Amigo". Conversamos durante uns cinco minutos, no máximo. Mas foi como se fosse por horas. Há muito não nos falávamos devido a correria da vida dele. E eu já tinha dito antes da ligação: ESTOU COM SAUDADES, PORRA!!! Ele simplesmente me respondeu: "apareça". Puxa! E sou só eu que tenho que correr atrás dele? Nem respondi. Depois disso, ele resolveu me ligar e me convidar pra fazer uma trilha, visitar uma cachoeira... PORRA! Eu gosto dele pakarai e desse tipo de programa também. Nem pensei duas vezes: vou!

Porque a nossa amizade é daquelas em que um entende o outro, entende as limitações do outro, gosta do outro do jeito que ele é. E é recíproco e verdadeiro. Fico até com orgulho de ter construido uma relação assim. Não guardamos mágoas. o que mais quero é viver mais bons momentos do lado dele.

O Bat-Amigo é meu melhor amigo hetero (e meu melhor amigo também). Era um homofóbico ferrenho. Uma vez ele me falou que já teve vontade de bater "num viado que ficou" olhando pra ele, isso sem saber de minha orientação sexual. Fazia sempre umas piadinhas, aquela coisa de hetero chamando o amigo: "sua bicha!". Noutra feita ele disse que até topava acampar com "Jack" (um amigo de um amigo dele) mas que "não iria dormir do lado de um viado na barraca". E eu fiquei pensando o que aconteceria se ele soubesse de mim.

Este dia chegou. Eu estava namorando um cara, o "Ex Maluco". Quando ele conheceu o Ex Maluco, logo perguntou pra mim:

- Cara, o Ex Maluco é gay?

Eu respondi:

- Por que você está perguntando isso pra mim? A melhor pessoa pra dizer isso é ele mesmo... Pergunta pra ele...

Mas nem precisou. Na próxima vez em que estávamos Ex Maluco, Bat-Amigo, eu e mais um amigo, o Ex Maluco me solta uma assim:

- Eu vou falar pra você: vida de bicha é difícil...

Depois disso, o Bat-Amigo perguntou "se eu iria ficar andando com o Ex Maluco", no que eu respondi "Qual o problema?". Até então eu não queria revelar ao Bat-Amigo que o Ex Maluco era o meu namorado. Porque eu achei que ele iria ter muita dificuldade pra assimilar isso. Com certeza ele iria questionar se o que rolou da minha parte com ele sempre fora amizade, iria se lembrar que durmiu muitas vezes ao meu lado numa barraca (sem que acontecesse nada, claro!), iria ter um choque forte de valores que ele sempre acreditou. Eu sei que o choque pelo choque não é positivo. O choque costuma a afastar as pessoas, ao invés de aproximá-las. O choque em si não diminui o preconceito, mas pode criar mais preconceitos. Tinha uma ponta de medo de ser rejeitado também.

Acontece que, num outro dia, estávamos Bat-Amigo, eu e mais dois amigos quando o Bat-Amigo me solta essa pergunta:

- Cara Comum, você está virando viado?

Como eu acredito que toda pergunta deseja uma resposta, respondi:

- Tô virando viadaço.

Todo mundo riu sem acreditar que eu estava falando sério. O assunto mudou e, depois de mais ou menos umas duas horas, o Bat-Amigo me volta ao assunto:

- Vc tá virando viado mesmo?

- Tô...

- Mas é viado ou é bi?

- Bissexual...

- Ah, bom...

Ele falou "Ah, bom"??? Pode ter certeza que foi porque ele não sabia o que dizer.

- Mas como estou namorando um cara, só estou exercitando meu lado homossexual - completei.

O assunto mais que depressa mudou. Bat-Amigo se afastou por um tempo, evitava conversar comigo sobre minha vida. Umas duas semanas depois a gente se encontrou e conversamos quase que normalmente. Dava pra perceber que tava sendo super difícil pra ele e que ele tentava a todo custo me tratar como se nada tivesse acontecido. Eu decidi dar o tempo que ele precisava e me afastei.


PS: Tava ficando muito grande, então decidi dividir o texto em duas parte, ok? Até a próxima!
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