No post anterior, eu falava sobre como foi para um dos meus melhores amigos (o Bat-Amigo) saber que eu sou bissexual. Ele era muito homofóbico e percebi que estava sendo muito difícil pra ele lidar com a revelação. Decidi, portanto, me afastar para não piorar as coisas.
Até que chegou um dia em que nos encontramos. Ele, de novo, tentando fazer tudo parecer normal. De repente, no meio da conversa, por força do hábito, ele fala:
- Qual é, sua bich...
Se fosse em outros tempos, ele diria "sua bicha" com todas as letras, sem que isso soasse como ofensa. Mas o silêncio, o corte no meio da frase, foi o que mais me doeu. Penso que não existe demonstração de preconceito maior que deixar de fazer o que se faria normalmente em nome de um "respeito que não é natural". Eu não me contive e falei:
- Agora você vai falar! Fala! Você iria falar "sua bicha". Se você não falar, eu vou me sentir pior...
Ele só pedia desculpas e não falou mais nada...
Daí, eu rasguei o verbo:
- Olha só: você sempre me chamou assim, por que agora não vai me chamar assim mais? É isso que dói... Vindo de você, eu sei que essas palavras nunca foram ofensas. Mas esse seu silêncio aí me fala que algo mudou. Espero que aquele amigo que eu conheço não tenha desaparecido aí dentro...
- Foi mal... - foi só o que ele respondeu.
Ele podia ser homofóbico e ter defeitos mil, mas era meu amigo e eu gostava dele do jeito que ele era. Mas, como o conhecia bem, percebi que aquela era uma forma de pedir ajuda. Decidi colaborar com o jogo dele. Ele fingia que não estava acontecendo nada e eu fingia que não percebia. Isso durou alguns meses... Passamos um bom tempo ser ter contato, por causa do atual emprego dele. Mais uns meses depois, eis que ele me liga. Eu atendo e resolvo provocar:
- Qual é, sua bicha!
- Hummm... Olha quem fala... - ele me responde, brincando e solta uma boa gargalhada.
É claro que eu ri também. Percebi naquele instante que uma mudança havia ocorrido. Ele voltou a me tratar com naturalidade e eu falei que estava muito feliz com isso. Disse que eu tinha uma noção de que foi difícil pra ele e que, por isso, eu não havia resolvido falar antes. Mas que era muito bom não ter o que esconder dele. Ele me disse:
- Olha, foi foda! Eu fiquei um tempão tentando te entender e não conseguia. Só fui ficar melhor quando eu desisti de entender e percebi que eu não tinha que fazer isso...
Desde então a amizade voltou mais forte, mais madura. Continuo seu confidente. E ele agora é meu confidente por inteiro (e não só para meus relacionamentos com mulheres).
Quando ele me ligou pra desejar feliz Natal, foi muito legal perceber que gente como ele faz parte da minha vida ainda. E que mesmo afastados pela correria do dia-a-dia, a amizade permanece intacta. A gente vai contribuindo pra construir uma história legal e tá dando certo. Dá pra entender o porque eu considero a amizade algo maior que o amor?
Por isso, meu desejo de fim de ano pra vocês, queridos leitores, é o mesmo que eu desejo sempre: que cada momento seja a construção de algo melhor, mais sólido e que nos acrescente como pessoas que somos. Que amizades verdadeiras floresçam. Que a vida reserve supresas boas pra cada um, mesmo após as tempestades.
É isso aí! Um grande abraço, do tamanho de 2011!
PS: Esse assunto me lembra o filme "Eu te amo, cara" (divertidíssimo). Confira abaixo e, se interessar, veja o filme.
parabéns pelo amigo q vc tem!
ResponderExcluiré bom poder contar com pessoas assim.
Obrigado, Foxx! Tb fico feliz por isso! Abração!
ResponderExcluirPuxa q bacana, q história legal... Caraca, que bom que ele t aceitou...
ResponderExcluirTive e até tenho alguns colegas preconceituosos, zueiras, enfim, mas que nada sabem d mim, eu não me sinto a vontade em falar algo de minha intimidade, embora alguns já são mais espontâneos para se abrir, falar,contar, enfim...
Mas que bom que tu com sua coragem, assumiu para seu amigo, e ainda contornou toda história, nos quais ele te respeita mto e ainda deve ter uma nova concepção dos gays...
Forte abraço
Pois é, Ro Fers, é uma história bacana que guardo com carinho... Abraços!
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