sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Reconstruindo o pai - 1 (primeira parte)

Nos últimos dias eu vivi uma guerra. Uma guerra interior. Não briguei com ninguém, não havia clima tenso para quem estava ao redor. Mas dentro de mim eu lutava contra inimigos terríveis. O passado era um deles.

Dia dos Pais chegando e eu tentando rever o que eu sinto pela minha família. Meu plano era fazer uma visita àquela casa que eu já chamei de minha, tentar ir o mais desarmado possível, levar um presente pro meu pai (que simbolizasse minha intenção de recomeço) e, com isso tudo, dar o primeiro passo para deixar o passado pra trás.

A primeira dificuldade foi escolher o presente ideal. É extremamente difícil presentear alguém de quem se guarda alguma mágoa. Enrolei até o sábado a tarde para começar a concretizar a ideia de comprar o presente, que foi quando eu comecei a planejar efetivamente a compra.

Pensando em qual seria um bom presente, percebi que eu tinha removido meu pai da minha cabeça: não lembrava mais quais eram seus gostos, tamanho das roupas e calçados, nem nada. Era como se eu quisesse presentear um estranho. Custei a lembrar que ele gosta de ler. E aí, era decidir qual livro seria um bom presente.

Dei uma olhada em algumas livrarias virtuais apenas para economizar tempo. Teria que comprar numa loja física porque por uma virtual a entrega chegaria atrasada. Acontece que, mesmo após escolher como uma das melhores opções o livro "Dez leis para ser feliz" do Augusto Cury, eu não consegui sair de casa pra nada. Era como se me faltasse forças pra sair. O corpo doía só de pensar na ideia. Fiquei em casa o resto do sábado inteiro tentando reunir forças pra sair de casa e comprar o tal livro. Tudo em vão.

O sábado passou e eu estava uma pilha de nervos. Não consegui dormir. Às sete da manhã de domingo, Maridão acordou preocupado comigo e,  me vendo ainda extremamente nervoso,  me abraçou, sentou comigo no sofá da sala e me fez cafuné na cabeça. Só assim consegui dormir.

Acordei no domingo a noite, muito frustrado por ter falhado no meu intento. Então eu percebi que não dava pra brigar comigo mesmo e decidi me respeitar: não podia ir até o meu pai obrigado de tal forma por mim mesmo.

Segunda-feira acordei me sentido ainda mais pesado que no domingo. Então decidi que eu iria lá de qualquer jeito. No fim da tarde, comprei o presente, peguei o ônibus em direção à casa dos meus pais cheio de expectativas e fui dar os primeiros passos neste campo minado.

(continua)

10 comentários:

  1. Ah, pode se obrigar sim
    ora! pode e deve!
    quero saber mais dessa estória...

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    Respostas
    1. Tem nada que me obrigar não! Só vou fazer se for uma coisa ESPONTÂNEA! rs #Teimoso

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  2. Se vc sentiu esta necessidade tem mais é que brigar com vc mesmo ... pode e deve ... vencer nossos medos e nosso passado é um passo importante para q nossa vida seja mais completa e plena ... força aí querido e quero saber o resto ...

    bjão

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  3. Espero que tenha conseguido.
    No aguardo.
    Beijos NN

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  4. todo tipo de reaproximação gera logo um medo e ansiedade é normal. Espero que você tenha conseguido fazer as pazes com seu pai.
    abraços!

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  5. Te entendo.

    Te entendo com a minha alma. Bloquear as lembranças, não ter forças para se mover em uma direção.

    Um amigo meu me deu o seguinte conselho uma vez:

    "A gente não precisa resolver os problemas imediatamente. As vezes, a gente não precisa nem resolver um problema se a gente não quiser. Nem todos os problemas clamam por uma solução."

    Beijo lindão!

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