Estive pensando que seria importante contar o que mudou durante a minha ausência por aqui. Ainda não sei como fazê-lo e depois de muito pensar sem chegar a uma decisão, resolvi apenas escrever, sem compromisso de nada. Vou me deixar guiar até o final deste texto e ver o que sai. Muita coisa realmente se modificou em mim e na minha vida, enquanto outras apenas confirmaram que o melhor é ser como são.
Continuo casado com o Maridão, e nisso não sinto que há nada a se modificar. Continuo a descobrir que o amor é construído no dia-a-dia e em cada ação (ou omissão). Maridão não é perfeito, obviamente, nem eu o sou. E não tenho com ele uma pretensão de viver um amor eterno, que isso não existe. Eu apenas concordo com Lô Borges quando diz que "eu só preciso ter você por mais um dia". Acho que é por isso que todo dia eu digo a ele que quero continuar esse casamento. Desta maneira, nada a se alterar nesse aspecto.
Com relação a minha família, talvez aqui eu tenha feito a maior mudança. Eu guardei um rancor e uma mágoa muito grande de cada um deles e, não nego, foi algo muito importante. Sem a força desse ódio, eu nunca sairia do lugar, da minha depressão. Mas não tenho mais a necessidade de cultivar isso em mim. Esses são, agora, sentimentos que só me fazem mal, porque me prendem a uma dor e não me acrescentam nada de positivo. Agora eu consigo ver que, apesar de todo mal que meus pais e meu irmão me fizeram, eu os amo. E o amor deles é algo caro para mim, mesmo que de uma forma torta e equivocada. Não estou dizendo que eles podem voltar a fazer o mal que me faziam ou que eu vou simplesmente esquecer o que eles me fizeram. Estou num processo de perdão, onde quero esquecer a dor que me corrói ainda. Creio que quem mais precisa de perdão nessa história não é ninguém da minha família: sou eu. Eu nunca me perdoei por deixar minha família me machucar. Hoje quero aprender a ter deles o afeto que eu preciso, sem deixar que eles me machuquem. Estou tentando descobrir como fazer isso.
No trabalho mudaram algumas coisas. Continuo trabalhando com Educação, mas muito em breve estarei atuando também na área da Saúde. Decidi que quero mesmo muito ter filhos e que, se for preciso me matar de trabalhar para isso, que assim seja. tudo tem seu preço e sempre preferi pagar caro por algo que quero muito que ser infeliz com uma pechincha.
Durante esse tempo em que estive ausente, me envolvi em atividades de militância numa ONG de defesa dos direitos LGBTs. Foi uma experiência muito bacana. Conheci muita gente e entendi melhor o cenário político/social brasileiro. E uma coisa triste foi ver que pouca gente se dispõe a se envolver. Saí da ONG porque não dava pra conciliar meus planos de vida imediatos com o trabalho voluntário. Além disso, confesso que me senti enormemente angustiado de ver tanta coisa a ser feita e tão poucas pessoas dispostas a ajudar. Infelizmente eu não consigo conviver com essa angústia de forma saudável.
Bom, acho que é isso! É tão difícil fazer uma síntese dos últimos meses, mas creio que consegui. Ainda estou meio "enferrujado" para a escrita, mas daqui a pouco eu retomo jeito. Assim espero!
De fato você viveu...
ResponderExcluirParabéns pelo seu casamento, tá difícil encontrar alguém que queira compartilhar da companhia do outro e entenda que tem de haver conversa e que ninguém é perfeito.
Sabe eu também tenho problemas com família e tenho tentado lidar com isso e te entendo bem.
Acho que se encontrasse a pessoa certa, também gostaria de ser pai, mas tá difícil.
Um forte abraço e sucesso na conquista de seus sonhos...
Rapaz, a gente descobre que a vida sempre dá um jeito de seguir em frente,né? Abraços!
ExcluirCaminhando e seguindo em frente. Acho bem produtivo. Que bom que vc traçou esse objetivo de ser pai e está ciente do esforço que deve ser. Ilusório seria só falar ou só sonhar e não arregaçar as mangas, como a maioria faz e ainda culpar os outros. Abraço.
ResponderExcluirVlw!
Excluirfico tão feliz em te ver falar assim sobre sua família, torci tanto para vc abandonar aquele ódio. aquela raiva só te fazia mal mesmo.
ResponderExcluirestou bem feliz. =)
Até certo momento não me fazia mal não. Mas hoje, estou melhor sem ele. :)
ExcluirPoxa quanto crescimento! Olha, querendo ou não, eles sempre serão sua família e você foi muito lúcido quando disse que entendê-los, ou perdoá-los, não significa permitir que eles o maltratem novamente. Aquilo é passado, é preciso seguir em frente... e pelo menos você fez sua parte, se eles não o fizerem, o problema é deles!
ResponderExcluirEu fiz trabalho voluntário "geral" por mais de um ano, foi uma época bacana, aprendi muito vendo uma outra realidade... quem sabe qualquer hora dessas eu volto.
E quanto aos filhos, acho que não vai ser nessa vida... acho que vou me dedicar a me tornar um "Tio Legal" kkk
Abração para você!
mas eu já sou um "Tio legal". Eu quero mais!! rsrs
ExcluirFamília é uma das coisas que você já nasce intimado a participar, ou seja, você não escolhe. Por mais difícil que tenha sido para você é importante você perdoar seus pais e irmão e tentar seguir em frente. Acredito que o maior mal para sua vida na verdade não poderia vir deles e sim de você mesmo em guarda amargura e ódio de pessoas que vão estar conectadas a você pelo resto de sua vida.
ResponderExcluirÉ como você mesmo falou: "... sem deixar que eles me machuquem". Isso implica esquecer tudo o que já passou e seguir em frente, se quiserem continuar te excluindo ou coisa parecida da família isso vai ser problema deles e não seu.
Parabéns pela decisão e boa sorte nessa nova fase. abraços!
Ah... Sei lá se existe isso de TEM que perdoar. Eu escolhi fazer isso, mas poderia não ter escolhido. Enfim, escolhas! :)
ExcluirConfesso que fiquei super curioso pra esta história com sua família!!! Eu realmente nao sabia disso.E nem sei do que se trata, foi antes de eu começar a acessar seu blog.
ResponderExcluirNada muito complexo não. Tô escrevendo uma série de posts sobre o presente e o passado dessa história. Daí vc entende o que é que pega, ok? :)
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