quarta-feira, 27 de junho de 2012

No espelho retrovisor, um Leão - I

Prólogo: Resolvi contar minha história aqui no blog, com os fatos mais marcantes que minha memória retém. Mais que falar da minha família ou fazer uma biografia, sinto que preciso dizer mais sobre as coisas que vivi, para desfazer uns nós. Serão relatos de um passado que talvez para vocês não faça muito sentido, mas escrevo por mim, por esse desejo que grita querendo sair. Obviamente, não falarei somente de mim e teremos diversos novos personagens, não só da minha família, mas muitos outros que não apareceram aqui no blog. Para aqueles que decidirem se aventurar comigo, eis uma ótima oportunidade de saber mais sobre o Cara Comum que vos escreve. Este primeiro post é um grande adendo das histórias que virão a seguir.



A história antes da história

Essa história que eu quero contar começa antes de eu nascer. Se, por um lado, posso dizer que não participei dela, não posso afirmar, contudo, que ela não me atinge.

Meu pai é o filho caçula de uma família de 6 irmãos que morava numa cidade do interior de Minas Gerais, ao norte de Belo Horizonte. Um dos irmãos dele morreu quando ele era criança de colo. Outra irmã dele teve paralisia infantil e se foi quando ele tinha 4 anos. Minha avó paterna era negra, Testemunha de Jeová e mãe solteira. O meu avô paterno nunca assumiu o seu relacionamento com minha avó. Eram dele o filho mais velho (meu tio) e o mais novo (meu pai). Meus outros tios são meio-irmãos do meu pai. Eu nunca conheci essa minha avó nem esse meu avô. Quando minha avó paterna faleceu, meu pai tinha 6 anos. Ele e seus irmãos se mudaram para BH para serem criados por uma tia deles. Quando garoto, morando em BH, meu pai fez um grande amigo: o Padrinho Pombo.

Minha avó materna, que chamarei de Vovó Ternura, era filha de um italiano que veio viver no Brasil, numa cidade do leste de Minas Gerais. Aos 25, ela e a família se mudaram para Belo Horizonte. Aos 36 se tornou mãe solteira e criou sua única filha com o dinheiro que ganhava costurando. Meu avô materno só procurou saber da minha mãe quando ela fez 16 anos. Até hoje minha mãe nunca perdoou meu avô pela sua ausência. Eu só o vi umas 3 ou 4 vezes na vida. Minha mãe foi criada com medo de tudo: ela e minha vó tinham medo de não ter o que comer no mês seguinte, de não conseguir pagar o aluguel, da casa desmoronar durante uma chuva, medo de assaltos, medo de tomar leite depois de chupar manga, medo de doenças, medo de assombração, medo de rato... Talvez por isso minha mãe se tornou uma moça muito tímida e tão religiosa (católica) quanto minha avó.

Na adolescência, minha mãe já trabalhava para ajudar no sustento da casa e, aos finais de semana, saia para dançar com uma amiga, que chamarei de Madrinha Espuleta. Meu pai também começou a trabalhar cedo para se sustentar. Virou metaleiro (e, obviamente, só ouvia Heavy Metal) e ateu. Na adolescência, teve uma filha que ele nunca assumiu e, apesar de não gostar de dançar, foi a uma festa numa clube de dança em BH, por insistência do Padrinho Pombo. Era o ano de 1970 e, nesta festa, o Padrinho Pombo apresentou minha mãe (que era vizinha dele) ao meu pai.

Meu pai namorou minha mãe durante 10 anos, e nesse período, os dois compraram um lote numa cidade vizinha de BH, onde construíram a casa onde morei boa parte da minha vida. Hoje eu sei que a escolha por um lote bem afastado de onde mora o restante da família do meu pai e da minha mãe foi uma tentativa deles de se afastar dos "parentes da onça", como meu pai costuma dizer. Em 1980 meu pai e minha mãe se casaram e foram morar na tal casa, levando Vovó Ternura pra morar junto com os dois. Foi neste contexto que, alguns anos depois, eu nasci. Mas isso é uma história que fica para a próxima...

20 comentários:

  1. Sim vamos esperar mas a julgar pelo introito muita coisa para marcar muitas vidas de muitas gerações ...

    Faça a sua catarse querido ...

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  2. queria mais detalhes... hehehe
    mas vamos esperar essa estória.

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  3. É, por esse começo, parece que teremos densidades pela frente. Comigo, quando resolvo "me abrir" um pouco, sempre vem um alívio muito bom. Tomara que venha também pra você!

    Beijos.

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    1. Cesinha, juro que nem alívio vem... Mas eu quero fazer isso!

      Beijos!

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  4. Estamos adentrando ( ui ) mais na sua história!

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  5. Tem mais 'parentes da onça' nos próximos capítulos ou eles são 'coisa' do passado? Aguardemos, então.
    Bjaum.

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    1. Junnior, não tem muita coisa programada não. Mas deve aparecer "parentes da onça" por aí...

      Beijos!

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  6. Também fiquei curioso para saber o resto.E o podcast da gangue ficou muito legal.

    Quer dizer que Britney Spears + Xuxa = Cara Comum?

    Que medo dessa combinação!

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    1. Huahuahuahauhauahau... Olha, sei lá se a combinação é só isso. Tem mais coisa nessa mistura muito louca de Cara Comum...

      E sobre a curiosidade, em breve eu falarei mais disso.

      Abraços!

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  7. legal conhecer um pouco mais de você e de sua família!

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  8. que bom que li agora, já com a segunda parte...

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