segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Meu amado rancor

Antigamente eu tinha vergonha de sentir o que muitos consideram como sentimentos negativos. Pecado maior era expresar, deixando claro que eu estava vivenciando tudo aquilo. Assim eu engolia todos os sapos possíveis e não demonstrava minha insatisfação achando que estava fazendo o meu papel de ser compreensivo.

Eu só não tinha me dado conta de que aquela postura era um disfarce da minha falta de autoestima e da minha covardia. Negar o que eu estava sentindo foi me desorganizando e me destruindo por dentro. Talvez foi uma das coisas que mais me fez mal na minha vida até hoje. Porém, percebi que é preciso dar um jeito, meu amigo. Agora vejo tudo com outros olhos.

Tenho orgulho do rancor que sinto, por exemplo. Sim, eu guardo rancor e não fico mais constrangido em dizer isso. Algumas pessoas se escandalizam quando eu digo tal coisa e falam que seria melhor eu não guardar raiva de ninguém. Mas eu não guardo raiva porque eu quero. Eu apenas não sei me ver livre dela, só isso.

Assim, ou eu assumo a sua existência e vivencio de alguma maneira meu rancor ou volto a abafá-lo dentro de mim, jogando a sujeira para debaixo do tapete. E, de alguma forma, estou aprendendo a reverter essa raiva que guardo em algo de bom para mim.

Atualmente, é essa raiva, esse rancor, que uso como força que me move na direção da minha autoproteção. Esse ranço me faz não querer vivenciar nunca mais situações e relações que só me fizeram mal. Esse ódio me impede de me culpar de coisas que aconteceram por culpa dos outros e não por minha culpa (e outrora eu aceitava essa culpa para mim).

Pegar essa energia ruim e transformar em algo que me traz benefícios é uma coisa maravilhosa! E por isso tenho orgulho de estar aprendendo a sentir raiva, ódio, rancor e, acima de tudo, a ser humano e não santo.

20 comentários:

  1. nada contra o vc sentir rancor, mas minha pergunta é: pq não resolver o problema e deixar pra lá? por exemplo, se alguém te fez mal hoje vai lá e soca ele no queixo, e pronto, esquece. sou mais a favor da vingança que do rancor.

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  2. Dizem que quando a gente não entende o lado sombrio estamos a mercê dele!!!
    Grande post!!
    Bjão

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  3. Ou pega essa energia ruim e promove uma carnificina... hahahaha! Tb acho que sentimentos pontudos podem - se bem canalizados - reverter energia proveitosa. Pra gente, claro! Boa semana, guri! Hugz!

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  4. Rancor é uma coisa que eu não consigo. Não que eu não tenha uma série de outros sentimentos e comportamentos reprováveis, e olha que tenho, mas rancor é um que não consigo. As coisas passam assim, rapidinho...

    Sorte ou azar?

    Beijo Doido!

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  5. tb não tenho o menor constrangimento nem sentimento de culpa em afirmar qdo não gosto ou tenho raiva ... não fico guardando e nem alimentando raiva de algo ou de alguém, mas tb não faço a menor força para me livra dela ... com ela ao meu lado eu tenho a força necessária para impedir q aquilo se repita ... é por aí mesmo querido ...

    bjão

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  6. Oi, tudo bem? Primeira vez por aqui e já gostei muito.

    Permite um pitaco? Eu vejo uma diferença entre raiva e rancor. A raiva é parte, sim, das nossas barreiras seletivas... importantíssimas se queremos viver mantendo o mínimo de organização interna.

    O rancor, pra mim, é como se nossas barreiras estivessem refletindo pra dentro da gente a raiva. Ou, o que vem a dar no mesmo, que elas não estão assim tão adequadas ao seu papel de barreiras.

    Se você deixar voltarei por aqui sempre... é tudo muito lindo!

    Abraços

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  7. Não guardo raiva, mas guardo ressentimento.Raiva pra mim é o ressentimento em estado de ebulição, e isso só acontece no momento em que se dá conta de uma determinada situação.Depois ela passa e vira ressentimento.Pelo menos pra mim é assim.

    O ressentimento é útil para nos mantermos afastados de pessoas que nos fizeram mal.Porém devemos lembrar que com o tempo as pessoas podem mudar e aquele ressentimento não serve mais.Por isso se for para adotar uma postura, eu diria: aceite o ressentimento, porém duvide dele às vezes, o coloque a prova, para ter certeza se ele ainda tem razão de ser ou não.

    Abraços.

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  8. Uau, eu também sou assim na maioria das vezes. Sei como se sente, mas há limites. Grande abraço !

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  9. Desculpe, só mais um pitaquinho... tudo bem que esse seja o seu modo atual de lidar com o rancor, legal... só não esqueça uma coisa: a gente não aprende nada com ele... o rancor é muito (e apenas) repetição. Diferente da raiva... aprendemos muiiiito com ela!

    Abração... oh, não achei nada bagunçada sua casa!

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  10. Eu vivo de TPM... então nenhuma versão do Teló me faz rir... hahahahahaha! Just kidding. Hugzzzz!

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  11. * Cesinha, meu bem! estou indo com calam. Infelizmente (ou felizmente, sei lá) rancor pra mim é como diz o Bratz "Enfim, é o que tem pra hoje". Então, vou agir como alguém que admiro pela praticidade, jack o estripador, e vou por partes nesse assunto...

    Sobre vc não ter visto a bagunça, que bom! Só não olhe debaixo do tapete, dentro das gavetas, atrás dos livros... rs

    Abraços!


    * Fred, confessa que curtiu, vai! rs

    Hugz!

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  12. Eu sempre faço o possível pra não sentir o rancor e muitas vezes também engulo, para não me incomodar. Nossa, realmente me achei bastante no seu post..

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  13. Papai Urso do Interior18 de janeiro de 2012 às 07:58

    Desde os 19 coloco em prática a frase "Perdoa teus inimigos mas escreve o nome deles no teu caderninho negro de restrições". Tb já assumi até p/ pai e mãe que guardo rancor. Sempre fui o mais cobrado por ser o mais velho numa prole de três irmãos homens (o do meio tb é gay, porém tem o aditivo de ser alcoólatra, desempregado e barraqueiro-do-mal). Meu pai ficou calado porque tem déficit neuronial, mas mamãe por sua vez veio com a clássica cena da mãe que tudo fez e nunca foi compreendida, blá blá blá... Sabe os relacionamentos familiares me fizeram mais mal até hoje do que os amorosos, infelizmente vou levar o rancor p/ o túmulo. Nem psicanálise me liberta mais, fato.

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  14. Eita, mais um do time que não consegue esquecer o mal que lhe fizeram...

    Eu até tento disfarçar, mas não consigo também. Quando alguém que não gosto me dirige a palavra, é inevitável meu olhar de leve desprezo, :P

    Fazer o quê se a vida nos fez sensíveis nesse quesito, xD

    Abraço, o/

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  15. Acho que cada pessoa é de um jeito mesmo, eu por exemplo já tive muita raiva de tudo e de todos, mesmo que sem muitos motivos.. com o tempo fui ficando zen.

    Ainda sinto muito raiva, mas logo passa. Sinto raiva da minha família tantas vezes, mas sempre passa e faria de tudo para ficar de boa... com o resto da humanidade eu simplesmente ignoro, já que nao fazem diferença nenhuma na minha vida..

    Vivo o hj e na mesma velocidade que sinto raiva mortal de alguém viro as costas e fico bem humorado e nem lembro mais daquela pessoa e daquela situaçao!!!

    :D

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  16. * F, seja bem-vindo, rapaz! Cuidado com o cachorro, que hoje ele está mais bravo, mas fique a vontade e sente-se naquele sofá novo! rs

    Sobre o que vc comentou, vc descreveu exatamente o que eu fazia e que não faço nem quero mais fazer. Mas, se pra você está funcionando desse jeito, que bom não é?

    Abraços!



    * Papai Urso do Interior, eu sei exatamente o que vc está dizendo. Família é coisa de Satanás... Sorte pra vc!

    Abraços!!



    * Jovem Urso, vc de volta por aqui!!!! Quanto tempo! Saudades, rapaz!

    Pois é. Pelos comentário é bom saber que não estou tão sozinho nesse tipo de pensamento como algumas pessoas às vezes querem fazer os outros acreditar. o/

    Abraços!



    * Otávio, vc é um cara de sorte! Consegue lidar com isso numa boa, pelo visto. Depois conta pra gente como foi ficando mais zen. Aposto que deve ter uma boa história por trás desse processo.

    Abraços!

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  17. Adoraria par uma porrada bem dada na cara de quem me freriu muito. mas sou mulher e infelizmente não tenho força pra isso. Será que um tiro na cara do mané vai bem?

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    1. Não precisa fazer isso não: eu quero meus desafetos bem vivos, sofrendo ao máximo o que a vida lhes pode reservar... Huahuahauahuahau

      Abraços, querida!

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