sábado, 12 de novembro de 2011

Um Pote de Ouro pra reluzir o amor


Alguns fatos que ocorrem em nossas vidas promovem reflexões e nos fazem reavaliar o caminho que seguimos. E hoje eu fiquei um pouco pensativo com uma situação que eu percebi, mas fiz que não. Acho que maridão descobriu o blog. Não tenho certeza e talvez esteja até muito enganado, mas confesso que isso não me preocupa tanto.

Aqui é um espaço que, desde a proposta original tem como meta me permitir refletir. O anonimato e o segredo sobre a existência desse blog sempre tiveram o objetivo de eu poder me expressar mais livremente, sem me preocupar muito em não "atingir" ninguém diretamente, além de, é claro, preservar as pessoas envolvidas em algumas histórias que conto. Outro objetivo que, acredito estar bem claro, é evitar que a participação de pessoas próximas interfiram nesse meu "processo terapêutico e de auto-conhecimento", cujo o controle e coordenação eu mesmo faço. Apesar de eu rever algumas posturas que adoto para melhor adequar o processo, creio que o objetivo em si não se perdeu, visto que "Auto-análise" e "Sobre mim" são atualmente dois dos marcadores com maior quantidade de posts (respectivamente 15 e 20).

Assim, percebo que o mais importante, eu estou fazendo: esse canal de trocas que me auxiliam nessa reflexão a que me proponho, além de se constituir um registro para "análises retroativas".

E, tirando esses motivos que eu listei para manter o anonimato e o segredo, não existe um medo em dizer o que aqui escrevo. Tudo que eu digo aqui neste espaço eu o faria na vida real, principalmente se fosse questionado a respeito. Mas porque nem sempre o faço então?

Um dos motivos é que eu realmente tenho dificuldade de me expressar e o blog funciona como exercício de expressão. Sou muito fechado e o treino que faço aqui eu tento levar para a vida real.

Outro grande motivo é o "exercício de individualização" que esse blog me proporciona. Eu acredito que, quando estabelecemos uma convivência intensa com alguém (no caso de pais e filhos, cônjuges, amigos muito próximos), corremos o risco de misturar as coisas e confundir o limite do que é meu e do que é do outro. É fácil perder a noção de que precisamos de coisas que sejam só nossas e começamos a viver a vida do outro ou obrigar que o outro viva a nossa vida. Essa bagunça gera conflitos desnecessários e desperdício de energia psíquica, além de abrir a porta para certos problemas como, por exemplo, a "anulação" de um dos envolvidos.

Por isso eu acredito que há momentos, coisas e rituais que devam ser mesmo só do indivíduo. Se um gosta de um certo programa de TV e o outro não, eis aí um momento que é do indivíduo, não do par. Se um quer ir a uma festa e o outro não, acredito que é muito interessante para a qualidade do relacionamento que o primeiro vá e tenha seu momento. É uma forma de investir no relacionamento sem violentar a individualidade da pessoa. Afinal, quando eu quero um relacionamento, eu quero o melhor para a pessoa, que ela seja cada vez mais ela mesma e não apenas um objeto do meu desejo. E nisso, exijo reciprocidade.

O certo é que, mesmo que o maridão tenha descoberto o blog, não vou torná-lo diferente por isso. Esse espaço tem sim me ajudado muito a refletir e as opiniões das pessoas que leem isso aqui me ajudam muito a conseguir lançar outros olhares sobre o que discuto nas postagens (obrigado leitores, beijos!). Talvez eu tenha "perdido" um dos meus exercícios diários de individualização, mas se isso aconteceu mesmo, vejo estampado na reação por parte do maridão no episódio da descoberta que existe entre nós uma grande sintonia e um grande respeito, acima do amor bonito que cultivamos. Porque, se ele realmente sabe da existência desse blog, ele conseguiu captar que era um espaço só meu e respeitou a minha individualidade ao invés de me pressionar a fazer uma "revelação". Uma prova de que ele não quer apenas me sufocar com uma dominação disfarçada de amor.

E, se for isso mesmo, terei ainda mais orgulho da relação bonita que estamos construindo. Porque ela é feita de detalhes que se somam. Pequenos carinhos, pequenos cuidados, pequenos gestos de respeito. E até pequenas declarações de amor diárias feitas sobre as mais diversas formas. Inclusive no silêncio.

Nessa relação, somos indivíduos que comungam de um projeto de vida. Eu o admirando por perceber que ele é uma pessoa melhor a cada dia. Ele usando de compreensão com minhas falhas, mas percebendo que eu luto a cada dia para superá-las. E cada um enxergando nas sutilezas a dedicação que cada um tem no sentido de construir algo, não apenas bonito, mas bom para cada um de nós.

16 comentários:

  1. maturidade a gente vê por aqui.

    agora, como seu marido descobriu?

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  2. *Prisioneiro 0001, vlw! :)


    * Foxx, como ele descobriu eu não sei. Só sei que o pc estava logado como "Cara Comum" e ele na frente do PC. E olha que eu tenho certeza absoluta de ter feito logout e de ter desligado o computador após utilizar pela última vez...

    Enfim, não quero saber sobre isso.

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  3. Será que com isso vc vai dar uma freada na hora de escrever?! Uma coisa era escrever no anonimato. Outra é vc ter certeza que seu maridon sabe da existência dele.

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  4. Então... não resisto a uma explicação técnica kkkk As vezes ele não descobriu, se você por acaso fechou a janela do navegar sem se deslogar da sua conta, o blogger/gmail armazena "a seção" e com isso fica como se estivesse logado... é uma possibilidade.

    Passado o momento Nerd, eu acho que o anonimato é importante... não que isso seja uma reclamação, pelo contrário, mas devo admitir que era mais fácil escrever quando ninguém me conhecia... Hoje há pessoas que já me conhecem pessoalmente, outras que me conhecem de facebook e orkut e ainda há algumas que ainda não sabem que eu sou Eu! kkk

    Isso reflete no que talvez você chame de acesso díficil... eu nunca fui muito "boca aberta" e falar sobre mim sempre foi algo que eu não gostei de fazer. Então, ao longo do meu blogue, em meio a contos e estórias, você tem muito de mim... mas tem que decifrar! Até porque dá um certo charme! ;-)

    Abração e obrigado pela visita!

    Acho muito bacana teu blogue...

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  5. Exatamente o que eu penso de um relacionamento. Acho que a coisa perde todo o sentido quando as pessoas tentam transformar o dois em um invés de deixar cada um com seu espaço.

    Geralmente quando a individualização some, o relacionamento vai junto.

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  6. * Ana Pe, seja bem vinda ao meu humilde blog!! Só não repara a bagunça por favor e cuidado com o cão bravo (que hoje está preso). rs

    Fica tranquila que eu tenho péssima memória e daqui a pouco já esqueci que isso aconteceu. Portanto, se eu não manter o jeito natural de escrever por agora, em breve eu o recupero...

    Beijos!!


    * Latinha, eu pensei na possibilidade de ter me enganado e não ter encerrado a sessão antes de fechar a janela do navegador ou de ter marcado sem querer aquela caixinha que diz "mantenha-me conectado". Whatever, nem quero ter certeza se ele descobriu ou não.

    Sobre o anonimato e seu jeito de escrever, eu concordo plenamente. Abraços!!


    * Lobo, olha a gente concordando afinal!! Muito tempo que isso não acontecia, não???

    Beijos, SEO LINDO!!

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  7. É, sou do time do Lobo: quando a gente tenta sumir com o que há de individual em si, perdemos muita coisa!

    Abração!

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  8. Papai Urso do Interior14 de novembro de 2011 às 21:29

    O silêncio diz mais que muitas palavras (desnecessárias algumas vezes), olha só o filme O Segredo de Brokeback Mountain que foi todo costurado a partir de silencios em que era possivel ler a alma dos personagens mais claramente do que se eles dissessem algo, não por acaso ganhou aquela porrada Oscar.

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  9. Esse post tá com uma cara de recado pro maridão... rsss.. Fiz um parecido qdo achei que o meu pai descobriu meu blog, só fui um pouco mais áspero, deve ser por que meu pai é mais criticável que seu marido mesmo...

    Essa coisa de abrir o blog é realmente muito polêmico, uma vez estava ficando com um carinha e fiz um post no blog perguntando se deveria contar e geral disse que não... Mas o fato é que eu n consigo segurar por muito tempo...

    Entendo seus motivos, mas acho uma dimensão muito grande da minha vida pra ser escondida de alguém que é tão importante, eu volta e meia to falando do Yag e quero encontrar pessoas daki, enfim... Considerando a maneira que direciono isso aki acho que seria além de manter individualidade, seria algo como uma vida dupla, daí acho complicado... Complicadíssimo...

    Qdo contei pra namorido sobre o blog disse que era um espaço meu de catarse, de reelaboração da minha subjetividade e que não deixaria de me utilizar dessa forma, que francamente preferia que ele não lesse, mas que não poderia deixar de dizer da existência... Fiz minha aposta...

    E olha que no meu ainda tem o agravante dele existir desde muito antes dessa relação, então tem descrições de romances anteriores...

    De inicio ele nunca via, agora eventualmente vem, as vezes não gosta de algo e gera alguma briga... Coisa pouca, contornável.. Costumo dizer que é sacanagem por que ele tem acesso vip dentro da minha consciência e passado... Mas tá beleza, é um preço que pago pra conseguir manter essa individualidade que vc fala ai, sem ter a vida dupla que citei... E ai vou rebolando pra administrar todas essas coisas!!!

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  10. * S.A.M., seja bem-vindo a essa casa de louco!! Fica a vontade e aproveita que o chá das 5 está quase saindo...

    Ah, e concordo com vc e com o Lobo...

    Abraços!!


    * Papai Urso do Interior, é verdade. Esse silêncio bendito que colabora com o clima todo intenso das relações (tanto no filme quanto na vida real) é mesmo muito forte e phoda. É claro que as palavras têm seu lugar também e fiquei bem pensativo agora depois que li o que o Gato Van de Kamp comentou...

    Whatever, abraços, meu grande!


    * Gato Van de Kamp, o post não é recado não... hehehe. Mas pode ser também. Na verdade, eu só quis refletir sobre o que estava acontecendo "e dividir com vocês esses momentos meus" (#LuisaMarilacFeelings).

    Pois é. Eu li o seu post sobre a suspeita do seu pai ter descoberto o YAG e pensei nele o tempo todo enquanto eu escrevia o meu post.

    Quando vc falou de vida dupla, fiquei pensativo. Realmente é uma vida dupla a que eu levo. Ao mesmo tempo, meu blog não parece ter a dimensão do que vc descreve que seu blog tem em sua vida.

    Com certeza, ficarei pensando e pensando sobre o que vc falou...

    Beijos, meu querido!

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  11. eita... vc já lia meu blog na época desse post do meu pai??? Isso foi em 2009

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  12. eita... vc já lia meu blog na época desse post do meu pai??? Isso foi em 2009

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  13. * Gato Van de Kamp, não lia seu blog desde 2009 não. Acontece que, num post sobre sua vó, vc citou a série de posts sobre sua mãe. Resolvi ler e, enquanto pesquisava sobre tais posts, encontrei o post sobre a possibilidade de seu pai ter descoberto seu blog. Esclarecido? rs

    Abraços!!

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  14. todo este questionamento anonimato versus declaração, me faz refletir sobre minha própria trajetória de vida e minha relutância em falar e/ou publicar meus pensamentos. concordo com a atitude de blog em estar aberto ao diálogo, mas sempre preservando o espaço saudável do indivíduo, este si mesmo que é fundamental para o ser humano. fiz este exercício de relato e catarse e isto muito me ajudou em um momento critico, não coloquei na web mas preservo o acervo documental do d o processo, desde os primeiros rascunhos a mão e revistos e datilografados em uma maquininha portátil manual, tudo muito gratificante nas 1001 paginas já amarelecidas. raras vezes retorno ali para beber das frases registradas, mas permanece como fonte de prazer acessível e algo que recorda o antes e o depois, pois se hoje ando e penso aliviado neste estar no mundo, devo muito ao exercício doloroso mas libertador do período de realização da terapia e auto análise.
    faço votos que estas reflexões em comum continuem motivar outras pessoas nesta jornada existencial.

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