quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Precisamos de um ícone?



A pergunta do título pode ser pensada à luz da psicologia, com a idéia de projeção. Todo mundo busca de alguma forma alguém em que se possa ver (projetar) o que somos ou o que gostaríamos de ser. É natural do ser humano. E isso acaba refletindo no quanto nos afinizamos pela pessoa que representa essa projeção.

Ontem, estava vendo o programa "Qual é o seu talento?" do SBT e aconteceu algo nesse sentido quando vi o candidato Thiago Oliver (confira o vídeo acima). Ele conquistou minha simpatia de imediato.

Tudo bem, o cara tem talento e carisma, é bonito, são fatos notáveis e que influenciam. Mas acho que rolou também uma forte identificação com o universo gay que ele representou.

E olha que não foi aquela caricatura que nós estamos acostumados a ver do universo gay cantando. Nada de maquiagem de drag, figurino exótico, pose feminina demais. Aliás, nada contra esse tipo (inclusive adoooooro! rs...). Só quero dizer que ele não colaborou para reforçar a imagem que é colocada, para as pessoas em geral, como sendo a única possibilidade de ser um cara que gosta de outros caras.

Em resumo, penso que ele simbolizou os gays "invisíveis" aos olhos da sociedade. Aqueles que não se denunciam de imediato porque não são tão efeminados, mas que podem ter até uns certos trejeitos como quando ele começou sua dança. ;) E que não estão se comportando assim porque estão se escondendo. Só estão sendo eles mesmos.

Penso que eu não iria gostar tanto dele (ou achar que ele foi esse fenômeno todo) se não houvesse rolado essa identificação. Isso me fez reforçar uma teoria que tenho de que nós, que sofremos esse preconceito pela nossa orientação sexual, somos carentes de personalidades que nos representem perante o público das mídias em geral.

Seja pelas músicas, seja pela coreografia, o Thiago Oliver foi a representação do universo gay sendo aceito pela plateia, pelos jurados... Pelas pessoas enfim! A maioria dos gays que a gente vê representados na mídia são apenas motivo de piadas de programas de humor de quinta categoria, ou servem para dar um ar mais "divertido" aos programas de auditório, ou são representados como os sofredores marcados pelo preconceito.

Não sei se ele é gay ou não, apesar de eu desconfiar que sim. O fato é que, pelo pouco que pude ver nos comentários pela intenet, acima do artista, Thiago Oliver tornou-se (ainda que não fosse a intenção dele) um dos símbolos do gay que venceu, não só uma classificação de um programa de talentos, mas os preconceitos que poderiam existir ao seu redor e lhe tolher o direito de ser quem ele é integralmente.

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