segunda-feira, 22 de junho de 2015

Rola usar rola como ofensa?

Na sexta-feira da semana passada, em resposta a uma provocação via twitter, Ricardo Boechat acusou ao vivo em seu programa o malditinho do Malafaia de ser:

- Charlatão
- Homofóbico
- Otário
- Paspalhão
- Pilantra
- Explorador do suor alheio
- Tomador de dinheiro de fiel
- Explorador da fé alheia
- Figura execrável, horrorosa
- Uma pessoa que só quer palanque

Nisso ele acertou! Malafaia é tido isso e muito mais!

CONTUDO, Ricardo Boechat errou feio em muita coisa! Desde quando "procurar rola" resolve alguma falha de caráter? Só na imaginação da cultura falocêntrica em que vivemos que "problemas" como mulher brava, homem babaca, gay agindo mal, homofobia e lesbianidade se resolvem com rola. Fora isso, empregar o termo "idiota" como ofensa é usar de um capacitismo sem fim. Se posicionar contra esse otário só depois de ter recebido uma ofensa dirigida a si mesmo não é mérito nenhum.

Por isso, não vou bater palma pra hetero escroto (galera da "Band News" tá bem longe de ser "bacana"...) que usa de capacitismo, homofobia e falocentrismo pra "combater" esses vendilhões do templo contemporâneos. Só porque ele falou verdades, não vou ficar venerando opressor que reforça o patriarcado (que mata milhões de pessoas).

Enquanto qualquer um dos adjetivos que Boechat usou pra descrever Malafaia for uma ofensa for menor do que "a necessidade de encontrar uma rola", esse mundo continuará tendo pessoas com essas características nefastas (pois são "pecados menores" que o fato de se "gostar de rola"). E será normal ouvir frases como "prefiro filho bandido que viado", "a maior decepção de um pai é uma filha vadia" e coisas assim.

Aguardo ansiosamente pelo dia em que "canalha" e "desonesto" sejam ofensas muito maiores e indignas que qualquer coisa que aproxime o alvo do feminino como forma de ofensa.

10 comentários:

  1. Desculpe meu caro, vc até q se posicionou de forma correta, mas inteiramente utópica ... vejo aí um exesso de "politicamente correto" ... o mundo em q vivemos é o mundo da lei do cão e, por algum tempo assim o será ... daí, alguns cães, mesmo que cães, podem ser úteis e bem mais úteis q outros cães. [No caso, Boechat é mais útil q Malafaia.

    Apesar deste meu posicionamento, parabenizo por sua reflexão ...

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    1. Bem, se eu não renego e critico o mundo atual e aceito como "normal" coisas que não concordo, nunca atingirei o ideal, a utopia, né?

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  2. Vc tem toda razão, mas ele defendeu causa própria e não o mov. lgbt, pelo que entendi ele vinha sendo atacado pelo malafaia e respondeu usando esse termo pra buscar atacar o malafaia.
    Num 1o momento pareceu mto engraçado, pq foge dos padrões ver barracos assim no ar, mas vendo da forma que vc viu realmente não foi legal a colocação dele; se ele tivesse usado o termo viado ao inves de rola teria ficado ainda mais aparente aonde vc quis chegar no seu post.
    abraço;

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  3. Aplaudindo de pé!
    O discurso é um pouco utópico? Sim.
    Um pouco de utopia faz a vida ser digna de ser vivida!
    Adoro a maneira como a sua escrita tem se desenvolvido desde os tempos do Cores da Crise de Meia Idade!

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  4. Então... eu concordo com o Fabrício, apesar de entender todo problema que a fala dele trás, eu não acredito que teremos alguém que consiga responder a altura um cidadão como este, atendendo a todos os interesses e respeitando todas as minorias...

    Mesmo que ele fosse um ativista, duvido muito que ele ainda assim conseguisse agradar a todos, visto as diferentes vertentes que encontramos dentro dos movimentos...

    Uma coisa que me incomoda muito é a ideia de que pessoas como o Malafaia, quando fazem alguma coisa recebem o apoio incondicional (burro na minha opinião, mas incondicional dos seus "parceiros"). Quando pensamos em questões LGBT, quase sempre paramos antes para problematizar e penso que as vezes isso nos enfraquece, por exemplo, na questão do Boticário... poucas empresas (seja porque motivo for) colocam casais gays em seus materiais, eles colocaram e foram atacados. Vi diversas pessoas dizendo que eles não fizeram mais que a obrigação, que não contemplaram os gays fora do padrão eurocêntrico, que não tinha trans, gordos, negros e por ai vai... Será que nesses momentos não perdemos a mão?!

    Enfim, divaguei... de qualquer forma acho importante que essas questões seja trazidas a luz.

    Abração.

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    1. Ah, Latinha... Eu não tô "demonizando" o Boechat, assim como quem criticou a propaganda d'O Boticário não estava fazendo o mesmo com a empresa. É preciso elogiar o que deve ser elogiado e criticar o que é preciso ser criticado. Dá pra fazer as duas coisas, separar o joio do trigo de uma fala e de uma propaganda, pra que não fique parecendo que aquilo é 100% do que queríamos. Foi um avanço? Foi. Mas a gente precisa de mais, entende?

      Abração!

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  5. Não, não rola! Excelente postagem. Isso também não me tinha descido... nada.

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