quarta-feira, 10 de junho de 2015

#EuTambémEstouNaCruz

Não, você não sofreu um ataque. Você viu uma metáfora que mostra uma verdade que incomoda e isso fez aflorar seu ódio. E é apenas isso: ódio! Não é, nem nunca foi, ofensa. Sabe o que é que ofende? A transfobia!!!

Sim, as pessoas trans* são "crucificadas" (metáfora, lembra?) todos os dias APENAS por ousarem a ser quem elas são. Este é o grande "pecado" delas e a sentença é a mesma do personagem representado: são sentenciadas à morte (literalmente) por serem marginais em seu tempo! Aliás, um dado curioso: a expectativa de vida de uma travesti no Brasil é entre 30 e 35 anos. Qual foi mesmo a idade em que Jesus foi crucificado?

Quando falamos "fulano está sendo crucificado injustamente", a metáfora é a mesma. Qual a sua dificuldade em entender isso? Faltou Ensino Fundamental? Sobrou fanatismo cego? Preferiu seguir a opinião alheia do que ter o trabalho de pensar por si mesmo?

E não é a forma como é feita a representação que ofende: é a atriz (e o seu suporto pecado) quem "mancha" o personagem santo. É a ousadia de ser mulher e representar Jesus (qual motivo proíbe as mulheres de representar artisticamente uma figura santa?). É o fato de ser alguém LGBT que faz seu ódio vir à tona.

E, apesar de não ser o caso, é importante saber: sim, podemos criticar o fanatismo religioso. Ele é uma ameaça real e causa danos reais. Só que não vale criticar SOMENTE o fanatismo do coleguinha islâmico. Qualquer fanatismo religioso deve ser passível da mesma crítica, porque sabemos que o ser humano é capaz de fazer coisas mais cruéis do que qualquer demônio descrito por religiões baseadas em divindades de amor. "Je suis Charlie" ou "Je suis Charlie, Charle, are you here?"???

10 comentários:

  1. Poxa vida, até curioso ler seu post. Eu respeito o seu ponto de vista e argumentos, pelo seguinte, tenho a certeza absoluta que queremos a mesma coisa no final: a felicidade garantida para as trans e todos lgbts.
    Mas nesse assunto da parada desse ano pensamos totalmente diferentes, eu vi tudo aquilo como mais um exagero e falta de respeito à religiao, na forma que criaram o protesto do que como algo positivo.


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  2. VIVA! belo texto! o problema é que são um bando de mau caraters! querendo usar a religiao que criaram a seu favor... é só ver o cartaz com fotos falsas da Parada do Orgulho LGBT

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  3. VIVA! belo texto! o problema é que são um bando de mau caraters! querendo usar a religiao que criaram a seu favor... é só ver o cartaz com fotos falsas da Parada do Orgulho LGBT

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    1. Gostou tanto que comentou duas vezes, né??? hahahahahahaha

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  4. Olha... confesso que eu fico correndo atrás do rabo nessa questão específica, seu texto é perfeito e eu concordo com ele, o que me pega é o seguinte... em um momento tão "estranho" como o que vivemos hoje, algo desse porte não acaba sendo mais munição para o bandido do que exatamente um ato revolucionário?!

    Será que essa reflexão que você tão bem expos aqui ela consegue ser percebida pelas pessoas? Digo isso porque olhando para o cidadão "comum", no dia a dia dele, que tenha pouco contato com alguma forma de militância, não acredito que ele vá entender do que se trata aquela performance, ele ainda precisa aprender a ter empatia pela causa das pessoas trans, desconstruir um bocado de coisas para quem sabe então olhar e entender.

    Por outro lado, eu acho que poderia ser acusado de estar sendo "higienista" ou submisso a esse comportamento padrão da sociedade, sinceramente é uma coisa que eu não sei como lidar...

    Grande abraço!

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    1. Entendo o que vc sente, latinha... Mas eu acho que se algo gera polêmica, surgirão discussões e pessoas serão esclarecidas e passarão a pensar diferente. Se não há discussão, as coisas continuam como estão. logo, prefiro que performances assim continuem acontecendo...

      Grande abraço!

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